segunda-feira, 7 de outubro de 2013

VÍTIMAS DA FALTA DE ÉTICA PROFISSIONAL


O meio intelectual é muito infiltrado por pessoas que não pertencem a ele na realidade, ou melhor, que pertencem por simples autoimposição. Pessoas que trabalham com o que não é de sua área de atuação, que dão cursos sobre coisas a qual não tem formação, que são chamadas por títulos que não possuem, que utilizam métodos que não são cabíveis, que misturam ciência com fé, etc. fazem parte do cenário da profanação da intelectualidade, comportamentos extremamente imorais e antiéticos estão sendo tolerados sem que percebamos.
A falta de respeito em relação às pessoas no quesito prestação de serviços está tão ridicularizada que os bons profissionais, éticos e moralmente corretos, são desvalorizados em meio a esta libertinagem. Vejo profissionais oferecendo serviços de saúde (das várias áreas) sem ter feito se quer uma formação superior para tanto. E o pior é que as pessoas desinformadas estão recorrendo a estes profissionais e até os chamando de Doutor. Eu, por exemplo, fui uma que quase investi num curso com uma pessoa que tem menos formação que eu, quando me contaram lógico que fiquei revoltada, mas ao mesmo tempo feliz por ter sido antes de fazer a inscrição. Mas, e estas pessoas que não descobrem a tempo?
Bem. Não sei como funciona e se existe como solicitar o dinheiro de volta ou fazer uma denúncia (advogados, se manifestem). Inclusive li no site www.fraudes.org o caso de um suposto profissional que já foi preso como estelionatário e agora solto, com o sobrenome mudado e em cidade nova torna a ludibriar pessoas inocentes que precisam de atendimentos de saúde de verdade. E o pior: vende cursos sobre uma determinada técnica para leigos e estudiosos se aperfeiçoarem! Está estarrecido ao ler isto? Pois é. Eu também estou. Por isso, se informe antes de contratar qualquer serviço (não confie na simpatia e conversa de quem presta serviço, investigue!). Uns cursinhos aqui outros acolá não torna uma pessoa apta a dar cursos a outras, quem faz isso é antiético e imoral.
A palavra ética é derivada do grego “éthos”, significando, propriedade do caráter. No dicionário Aurélio está posta como “aquilo que concerne aos princípios da moral”. E, ainda, segundo o dicionário Michaelis tem como descrição “normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade”. Colocando numa linguagem mais acessível, ética faz referência a uma maneira de se comportar pautada na moralidade. Uma pessoa ética se manifestará de acordo com as normas de conduta morais (que é constituída socialmente) pelo simples fato de ter caráter para segui-las, independente de estar sendo visto ou não, procederá de acordo com o que é correto. Já o antiético é o oposto, frente às leis da moralidade pode até ser moral, mas assim que tiver uma possibilidade de burlá-las em proveito próprio, o fará.
O conselho de algumas profissões (farmácia, engenharia, contabilidade...) é bem organizado e constituiu o legado de atuar em sua área apenas quem é qualificado, protegendo assim pessoas de serem enganada por impostores (o que não significa que um ou outro ainda não usurpe suas funções). Infelizmente em se tratando da Psicologia, o conselho é muito falho, por isso ainda não estabeleceu a restrição do atendimento psicológico somente a profissionais qualificados. Motivo pelo qual muita gente, sem formação nenhuma, se aproveita da brecha enganando pessoas ao prestar esses atendimentos, é claro que nem sempre chamam por esse nome, alguns vem à título de hipnose, “aconselhamento”, grupos de apoio, terapias etc.
Considerando isso, indago: Será que a saúde mental é menos importante que outras problemáticas? É justo uma pessoa com problemas mentais/emocionais/afetivos pagar para se tratar com uma pessoa qualquer? Ela não correria riscos se colocar na mão de alguém que é uma farsa? Sem falar a questão do sigilo, vi muita gente desrespeitosa expor a sessão no facebook.
Enquanto está faltando ética profissional, está sobrando pessoas de mau caráter simulando serem profissionais e, assim, nos enganando. Antes de fazer um curso ou procurar os serviços de um profissional, seja ele de que área for, mas principalmente da área da saúde, investigue quem é essa pessoa, seus antecedentes, sua formação acadêmica, pelo menos averigue se pelo menos ela possui uma. Você não gostaria de tratar seu problema cardíaco com um médico veterinário, gostaria? Eu não.
Psicóloga Katree Zuanazzi
CRP 08/17070


Artigo publicado no Jornal de Notícias impresso “A Folha de Saltinho” no dia 16-03-2013. Também disponível nos sites www.saltinhoweb.com e www.afsaltinho.com.br

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