segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Sobre a reportagem do Fantástico

  Acabamos de assistir a reportagem especial  veiculada no Fantástico da Rede Globo  sobre o esquema de propinas envolvendo fornecedores de hospitais públicos. A quem não teve a oportunidade de acompanhar, recomendo o acesso através do seguinte link:
   Estão lá todas as clássicas situações de conflito de interesse temidas e repudiadas pela maior parte dos compradores do setor hospitalar. O suborno, o favorecimento a fornecedores, o oferecimento de “presentinhos”  representado no caso por um convite para o camarote dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
   A reportagem é até favorável aos compradores, enfatizando que o senso comum sobre a conduta de quem compra muitas vezes está errado, compartilhando com os “empresários” privados a responsabilidade por desvios de comportamentos.
   Mas o sentimento que tive ao final de tudo foi uma mescla de indignação com vergonha. Indignação por ver explicitamente o horror da atuação vexatória  de pessoas que deveriam estar comprometidas com um ambiente transparente e de concorrência leal, mas que preferem , às custas do prejuízo de outras partes,  trabalhar em prol de seus próprios interesses. Mais do que desrespeitarem suas classes profissionais, dão um exemplo forte de falta de ética como cidadãos.
   Vergonha por saber que a proporção de corruptores é igual à de corrompidos, de forma, que tais condutas, se existem, certamente estão amparadas em um histórico de falta de firmeza de propósitos do outro lado da mesa. E, sim, estou falando dos maus compradores que ainda existem no meio.
   O mercado da saúde não é formado por classes distintas, mas pela atuação conjunta de todas as partes. E se pretendemos ter um setor mais transparente e eticamente inspirador, é necessário começar a encarar situações deste tipo como motivo de constrangimento para todos nós.
   Se estivéssemos todos em uma sala em chamas, faria diferença o lado da mesa em que você está?
    E durma-se com este barulho.

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